Extrair e reunir dados pertinentes às operações de manutenção industrial tem se tornado uma ação cada vez mais comum e estratégica para as organizações.
Quando corretamente coletados e interpretados, dados podem se transformar em informações valiosas que contribuem para a tomada de decisão dos gestores.
Mas como isso é possível?
De acordo com Adriano Cardoso Rocha, analista de operações especializado em manutenção industrial e facilities, o primeiro passo para que isso aconteça é contar com uma boa base de dados.
“Ela pode estar tanto em um servidor como o Data Warehouse como em datasets. Esses bancos de dados são capazes de armazenar as tabelas extraídas de um sistema API (Application Programming Interface ou, em português, interface de programação de aplicação), onde é disponibilizado um json com dados, que nada mais é do que um formato compacto de padrão aberto independente de troca de dados simples e rápida entre sistemas”, explica.
Com os dados em mãos, é possível transformá-los em informações que podem ser imprescindíveis na hora da tomada de decisões.
Na rotina do gestor de manutenção industrial, os dados podem monitorar as ações do “antes, durante e depois” de um chamado de manutenção corretiva ou de uma intervenção preventiva.
“Ao analisar o que ocorre antes de um chamado, por exemplo, o ideal é comparar situações como crescimento da demanda de serviços solicitados em relação ao atual número de chamados. Essa análise irá auxiliar na tomada de decisão em relação à quantidade necessária de pessoas para atender todos os serviços, caso o volume de demandas continue crescendo”, conta o analista de operações.
Durante o procedimento, os dados podem indicar, por exemplo, qual é o volume de chamados e de demanda em andamento. “É possível que os serviços não tenham sido iniciados. As informações levantadas ajudam a decidir como direcionar e priorizar as demandas”, observa.
Após o procedimento, o levantamento de dados pode contribuir nas análises referentes aos resultados. “Podemos avaliar quais resultados obtiveram melhor pontuação de acordo com a decisão tomada. Se ela não tiver sido a melhor, é possível reavaliar e tomar novas decisões em um processo de melhoria contínua”, completa.
Quais são os principais dados de manutenção industrial?
O controle e o acompanhamento da demanda, o planejamento prévio da demanda preventiva e o plano de obsolescência de equipamentos são dados essenciais na manutenção industrial.
Depois de tratados e transformados em informação, esses dados darão ao gestor uma visão de como está a pendência, a execução e o trabalho programado e planejado.
“É necessário medir para gerenciar, por isso os indicadores são a base de tudo. Por exemplo, o lançamento de um homem-hora em uma ordem de serviço é um dado que, em conjunto com as informações complementares e os comentários levantados em campo e tratados posteriormente, geram estatísticas que direcionam todo o planejamento da execução. Com os dados sobre homem-hora, é possível verificar qual colaborador tem o melhor desempenho em uma determinada atividade”, exemplifica Rocha.
Embora seja crucial para qualquer tipo de negócio, as indústrias devem pensar em uma estratégia para evitar desperdício de tempo e dinheiro com o levantamento de dados que não serão úteis e aproveitados.
O ideal é focar em fazer apontamentos, via sistema, das execuções de todos os tipos de manutenção feitas nos equipamentos e ambientes. “Esses apontamentos alimentam um sistema, que reserva uma base de dados que depois servirá para coleta e geração de informação de estudo para tomada de decisão”, explica o analista de operações.
É custoso investir em tecnologias para levantar dados na manutenção industrial?
Além dos sistemas informatizados, o Microsoft Power BI é uma das tecnologias mais usadas pelas empresas para levantar dados.
Trata-se de um serviço de análise de negócios que permite ao usuário conectar dados, modelá-los e visualizá-los, criando relatórios personalizados com os KPIs e contribuindo para a tomada de decisões estratégicas para as organizações.
“Essas tecnologias devem sempre ser vistas como um investimento e nunca como custo. Custoso é não as ter, pois a falta de monitoramento resulta em gastos por descontrole, retrabalho e falta de planejamento”, alerta Rocha.
O analista de operações também lembra que, apesar de esses dados serem armazenados em um sistema, é necessário ter um analista para transformá-los em informação de forma automática.
“Ter um profissional com formação específica em ciência de dados dentro das empresas é fundamental para extrair o máximo que essas tecnologias podem oferecer”, observa.
O ideal é que esse colaborador fique fora dos processos locais e monte cenários baseados na necessidade da gestão. “Se ele tiver desvios se envolvendo na operação, poderá comprometer a qualidade das informações apresentadas. Infelizmente algumas empresas arriscam toda a análise da empresa sobrecarregando um setor e acabam perdendo qualidade na entrega”, completa.
Quais são as ferramentas mais usadas para levantar dados para a gestão da manutenção industrial?
No dia a dia, os gestores de manutenção industrial podem se beneficiar de uma série de recursos para levantar informações úteis que ajudam a subsidiar suas decisões. São elas:
– Dashboards;
– Indicadores internos e externos, como KPIs, SLAs, metas e medições;
– Monitoramento de falha de equipamento;
– Análise de homem-hora;
– Controle de estoque e de compra de material.
A partir da coleta desses dados, é possível gerar informações que irão compor os KPIs (Key Performance Indicator ou, em português, Indicador de Chave de Desempenho), indicadores de performance usados nos processos de uma empresa.
Esses indicadores são indispensáveis para as empresas que pretendem enxugar custos e atingir suas metas.
Como o Sim+ pode ajudar na tomada de decisões?
Com os dados coletados, os gestores podem usar a plataforma Sim+, da Construmarket, para acessar vários relatórios que podem ser extraídos com base nas operações que são realizadas dentro da manutenção.
Com esses relatórios em mãos, o gestor de manutenção industrial pode acompanhar os principais indicadores de desempenho e usá-los para tomar as melhores decisões.
“Há uma série de indicadores que os usuários do Sim+ podem extrair, tais como o MTFB (tempo médio de reparo) X MTTR (tempo médio entre falhas), de equipamentos e de sua disponibilidade em produção, de efetividade de atendimento (tempos de atendimento) e de índices financeiros de custo operacional (material consumido)”, explica Marcio Gonçalves, gerente de contas da Construmarket.
Todos esses indicadores ajudam os gestores tanto na operação – organizando e oferecendo uma visão mais clara do que está acontecendo – como no financeiro – traçando um panorama dos custos envolvidos com manutenções corretivas e preventivas e, consequentemente, elevando a capacidade produtiva da planta industrial.
Além de criar processos dentro das melhores práticas utilizadas na manutenção industrial, dando visibilidade ao time de produção, o Sim+ consegue atender os processos industriais de auditoria de diversos segmentos, como farmacêutico, automobilístico e químico.
“Com a plataforma, é possível alcançar as melhores práticas de mercado e planejar de forma organizada, reduzindo custos com paradas indesejadas, o que reflete diretamente na produção”, completa o gerente de contas.
Conclusão
Dados coletados, quando tratados e confrontados com métricas devidamente definidas, são fundamentais para as estratégias das empresas.
Com eles, os gestores de manutenção industrial podem ter uma tomada de decisão muito mais assertiva e planejar todos os passos a serem seguidos pela manutenção industrial.
TEXTO: Gisele Cichinelli
COLABORAÇÃO TÉCNICA:
Adriano Cardoso Rocha – analista de operações especializado em manutenção industrial e facilities
Marcio Gonçalves – gerente de contas da Construmarket
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