Por se tratar de um setor com necessidades muito rígidas e específicas, a gestão de manutenção nas indústrias farmacêuticas deve ser feita com muito planejamento e precisão.
Essas empresas devem seguir à risca os protocolos de segurança regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em caso de desvios ou não cumprimento deles, elas podem, inclusive, sofrer embargos e sanções.
Por isso, não basta apenas garantir que as máquinas funcionem sem paradas inesperadas, mas também que elas operem dentro de todos os padrões normativos estabelecidos.
A atenção deve ser total, já que nesse setor qualquer falha na gestão da manutenção pode causar a contaminação dos medicamentos e a paralisação da produção, gerando riscos à saúde da população e danos irreversíveis à imagem das marcas.
Quais são as especificidades da manutenção em indústrias farmacêuticas?
As indústrias farmacêuticas possuem características únicas de operação. Portanto, a gestão de manutenção nesse tipo de negócio deve cumprir uma série de procedimentos específicos, principalmente nas áreas mais críticas, que são aquelas dedicadas à produção de medicamentos hormonais, oncológicos e de líquidos injetáveis.
“A área de injetáveis, por exemplo, exige uma assepsia muito rigorosa. Já a área de produtos hormonais só pode ser acessada com uma vestimenta apropriada, uma espécie de escafandro similar ao utilizado para mergulhos. Esse cuidado evitará a contaminação do produto e que o próprio profissional entre em contato com substâncias causadoras de disfunções hormonais”, conta Charles Delfino, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho especializado em serviços de manutenção para indústrias farmacêuticas e sócio proprietário da EletroDel.
O engenheiro lembra ainda que algumas áreas precisam ser atendidas por profissionais especializados e devidamente treinados e capacitados.
Segundo ele, esses cuidados não são dispensáveis, já que uma área contaminada em uma indústria farmacêutica pode levar até 24 horas para voltar a ser regularizada e, consequentemente, normalizar sua produção.
“A falta de um medicamento específico necessitado por uma parcela da população para controlar ou evitar um agravamento das suas condições de saúde torna essa indústria muito peculiar. Em casos de falhas graves nos equipamentos, o prejuízo mensurável quanto à produção é ínfimo quando comparado aos danos que podem afetar a imagem da empresa”, ressalta Delfino.
Vale reforçar que a contaminação da área e dos produtos pode levar a indústria a ter que realizar uma campanha de recall ou a recolher os medicamentos no mercado.
Ao atender essas indústrias, também é importante ter em mente a necessidade de garantir o sigilo absoluto sobre as áreas produtivas ou as áreas dedicadas ao desenvolvimento de novos produtos, consideradas estratégicas para esse modelo de negócio.
Que tipo de manutenção é mais comum em indústrias farmacêuticas?
Para minimizar problemas, é fundamental que os procedimentos na manutenção das indústrias farmacêuticas sejam os mais eficientes possíveis.
“É preciso cercar todas as variáveis e impedir que o ciclo de uma boa manutenção seja quebrado por alguma falha nos procedimentos. Mas também é preciso lembrar que nenhum processo é 100% seguro, por isso o ideal é fazer verificações constantes dos procedimentos e da sua eficácia”, completa o engenheiro.
Para as indústrias do setor, existem basicamente três tipos de manutenção adotados com mais frequência. São eles:
Manutenção corretiva: feita para corrigir o desempenho das máquinas e dos componentes. É executada dentro de intervalos da produção ou em horários que não comprometam o processo de produção.
Manutenção preventiva: é realizada para reduzir ou evitar falhas ou quedas de desempenho, sempre seguindo uma programação no calendário de manutenção e uma rotina de reparação básica.
Manutenção preditiva: consiste no acompanhamento contínuo da performance dos equipamentos para programar intervenções de maneira mais incisiva, reduzindo assim as manutenções corretiva e preventiva.
O foco da equipe de gestão deve estar nas duas últimas modalidades, a preventiva e a preditiva, já que elas são as responsáveis por evitar a parada inesperada e indesejável das máquinas.
“É muito importante ter um planejamento eficiente e sempre contar com peças de reposição em estoque para que os equipamentos das indústrias farmacêuticas não parem. Quando isso acontecer, a manutenção corretiva deve ser muito eficaz e atuar para colocar a máquina em funcionamento rapidamente, evitando que a paralização ponha a perder todo o produto que está sendo fabricado”, alerta Delfino.
Qual é o impacto do uso de softwares na gestão de manutenção das indústrias farmacêuticas?
Contar com um bom software de gestão de manutenção industrial é uma excelente alternativa para ajudar a controlar todos os processos nas indústrias farmacêuticas.
Com essa ferramenta digital, é possível ter maior controle dos serviços planejados, agilizar atendimentos, aumentar a eficiência e o dinamismo na coleta e na busca de informações e padronizar os dados e as rotinas de manutenção.
“O uso de softwares específicos pode facilitar, e muito, o dia a dia da gestão de manutenção em indústrias farmacêuticas. Com eles, é possível controlar a relação entre homens e horas trabalhadas, o rendimento de um equipamento e a sua disponibilidade para produção. As plataformas digitais também auxiliam na gestão de trocas de peças quando realizado um planejamento correto das atividades a serem executadas, aumentando a eficácia da gestão de manutenção”, lembra Delfino.
Sim+ na indústria farmacêutica
Marcio Gonçalves, gerente de contas da plataforma Sim+, da Construmarket, explica que ela atende os processos exigidos pela indústria farmacêutica, já que cobre os protocolos de operação dentro do sistema e entrega a digitalização da operação, mantendo o padrão de excelência estabelecido pelos órgãos fiscalizadores.
“Com o seu uso, é possível obter uma série de benefícios importantes para esse tipo de segmento, como a centralização da informação, a facilidade nos processos e a agilidade em obter resultados operacionais e financeiros para os gestores de manutenção”, esclarece Gonçalves.
Conclusão
Como você pode ver, as indústrias farmacêuticas operam com atividades cruciais e extremamente sensíveis. Portanto, além de seguir protocolos rigorosos para a fabricação dos seus produtos, todos os demais processos envolvidos nas atividades de produção também passam por um crivo rígido.
As atividades de manutenção requerem os mesmos cuidados. O uso de softwares de gestão, como o Sim+, contribui para aumentar a eficiência, para reduzir o número de falhas e para acelerar o atendimento das demandas, evitando paradas fora do planejamento que podem prejudicar as empresas e a população.
TEXTO: Gisele Cichinelli
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Charles Delfino – engenheiro eletricista e de segurança do trabalho especializado em manutenção para indústrias farmacêuticas e sócio proprietário da EletroDel
Marcio Gonçalves – gerente de contas da plataforma Sim+, da Construmarket
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