Redação: AECweb / Texto: Juliana Nakamura
Um dos maiores desafios na rotina dos gestores de manutenção industrial é garantir o funcionamento dos equipamentos e das instalações técnicas sem paralisações inesperadas, com a máxima confiabilidade e o menor custo possível. Para chegar a esse objetivo, algo que não pode ser negligenciado é a manutenção preventiva. Estamos nos referindo a uma série de procedimentos — de simples lubrificações à troca de componentes — que visam evitar que as máquinas parem de operar como esperado.
“A manutenção, em essência, não deve ser reativa, mas proativa”, resume Márcio Gonçalves, gerente de contas do Sim+, plataforma inteligente para gestão de manutenção industrial da Construmarket. “Quando a prevenção fica de lado e tratamos apenas da correção, deixamos de ser manutentores para nos transformarmos em bombeiros, apagadores de incêndios”, argumenta Gonçalves, lembrando que indicadores de desempenho importantes, como tempo médio de reparo (MTTR) e tempo médio entre falhas (MTBF) são beneficiados quando se atua de forma profilática, antes de os problemas apareceram.
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De modo geral, os gestores de grandes indústrias têm consciência do impacto da manutenção dos equipamentos para o sucesso dos seus negócios. No entanto, no Brasil, ainda falta uma cultura de prevenção. O engenheiro Eduardo Linzmayer, professor no Instituto Mauá de Tecnologia, explica que muitas empresas resistem a uma abordagem preventiva por uma falsa sensação de economia. “O que elas não percebem é que os riscos e as despesas indiretas são muito maiores quando se atua somente na correção das falhas”, comenta o professor.
Reduzir custos é justamente um dos motivos que justificam um aperfeiçoamento das práticas de manutenção preventiva no chão de fábrica. “O que se gasta com manutenção preventiva é muito menos do que o despendido com paralisações inesperadas que visam corrigir falhas”, compara Gonçalves.
Além disso, a manutenção preventiva aumenta a disponibilidade e vida útil dos equipamentos e reduz o desperdício de insumos, em especial energia elétrica, decorrente do mau funcionamento de algum componente. Há ainda ganhos relacionados à melhora no planejamento dos trabalhos e no clima organizacional, visto que panes inesperadas são fatores de tensão para as equipes.
Para Eduardo Linzmayer, o ideal seria se essas empresas fossem além do conceito de prevenção, chegando a formas de manutenção mais sofisticadas, que representam uma evolução na forma de gerenciamento integrado com a produção. O professor cita como exemplo as manutenções preditivas e prescritivas. As primeiras predizem o tempo de vida útil dos componentes das máquinas e equipamentos. Já as manutenções prescritivas, além de se valerem de técnicas de previsão, fornecem aos gestores alternativas em relação às medidas corretivas que podem ser adotadas.
O planejamento de uma manutenção preventiva tem início com a realização de um mapeamento dos equipamentos essenciais e satélites da fábrica. “Com esse mapeamento e o tagueamento de cada equipamento, é possível definir prioridades e ter uma visão mais organizacional que inclui uma atenção ao histórico de intervenções realizadas”, comenta Gonçalves. Paralelo a isso, é fundamental que o gestor siga à risca as orientações do fabricante da máquina quanto aos procedimentos e a periodicidade das inspeções.
Outro ponto crítico que requer atenção dos gestores é o estoque de peças sobressalentes. Uma comparação que deve ser feita é sobre o custo de uma parada inesperada do equipamento versus o de manter uma peça vital para o funcionamento desta máquina em estoque. “É verdade que muitas peças, especialmente as importadas, têm custo elevado de aquisição. Mas o quanto a indústria irá perder com uma máquina parada esperando por uma peça que vem de fora do país?”, indaga Gonçalves.
Segundo ele, os softwares de manutenção podem auxiliar bastante os gestores a organizar dentro de um banco de dados as intervenções de acordo com o equipamento e com a periodicidade pré-determinada. Afinal, há serviços que precisam ser feitos quinzenalmente e outros que podem ser realizados a cada dois ou seis meses.
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Eduardo Linzmayer — Engenheiro de produção formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração de empresas pela FEA-USP e mestre em energia e meio ambiente pelo Instituto Mauá de Tecnologia. É professor de engenharia mecânica de produção na disciplina de gestão de operação e manutenção no Instituto Mauá de Tecnologia.
Márcio Gonçalves — Gerente de contas do SIM+, plataforma inteligente para gestão de manutenção industrial da Construmarket.
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